Como os escritores independentes podem usar o Marketing Digital
Ser escritor no Brasil não é uma tarefa fácil. Qualquer forma de produção artística enfrenta seus desafios. Porém, a escrita parece enfrentar barreiras mais intransponíveis do que a música ou pintura. Pelo menos em solo nacional. Isto faz com que o mercado se adapte a novas tendências. Desde gêneros literários ganhando força, como o hot, até metodologias de projeção de mercado. Isto acaba impactando em muita coisa. Principalmente na forma de se pensar em marketing para escritores.
Em uma realidade em que plataformas de publicação independente já não são novidade, a forma de se divulgar mudou. Amazon e Clube de Autores são, somente, duas das centenas de possibilidades independentes de publicação. Autores independentes, entretanto, não contam com o suporte de uma editora. Não somente no que diz respeito aos custos gráficos. Mas, muitas editoras oferecem o serviço de assessoria de imprensa. Para o autor que pode pagar, é muito bom. Mas, e aqueles que não podem? A solução pode ser mais simples do que parece.
Hábitos de leitura do brasileiro
Em termos gerais, há uma boa quantidade de leitores no Brasil. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 56% da população é de leitores. A pesquisa foi encomendada pelo Instituto Pró-Livro e aplicada pelo Ibope em 2016. Os dados são os mais recentes sobre o assunto no Brasil.
O grande problema é a quantidade de livros lidos: 5 ao ano, em média. Em números aproximados, destes 5, 3 foram indicados pela escola. E, pelo menos 2,53 foram lidos apenas pela metade. Os dados revelam, ainda, quem é o público leitor.
59% das mulheres são leitoras; entre os homens, este número é de 52%. A faixa etária com a maior quantidade de adeptos é entre 18 e 24 anos, com 67% do total.
Os problemas para o mercado estão em outros números. 30% da população nunca comprou um livro, sequer. 67% não adquiriu livros nos últimos 3 meses. Dos livros adquiridos, a preferência é pelos impressos; a venda de e-books representa apenas 1% entre os entrevistados.
O que influencia na compra de um livro?
A pesquisa perguntou aos entrevistados o que mais influenciava na compra de um livro.
- Tema ou assunto (30%);
- Autor (12%);
- Dicas de outras pessoas (11%);
- Título do livro (11%);
- Capa (11%);
- Dicas de professores (7%);
- Críticas/ resenhas (5%);
- Publicidade (2%);
- Editora (2%);
- Redes sociais (2%);
- Não sabe/não respondeu (8%);
- Outro (1%).
Os números ainda revelaram que, entre os com maior escolaridade, o tema é relevante em 45% das escolhas. Já para o público infanto-juvenil, a capa é o que mais influencia a escolha.
Quanto ganha um escritor no Brasil?
Esta é uma pergunta difícil. A maioria dos escritores não possui, como renda fixa, a venda de seus livros. Isto porque, mesmo que não haja impostos incidentes sobre livros no Brasil, segundo a Lei nº 9.610, o autor recebe entre 7 e 12%, em média, do valor de capa do impresso.
Plataformas de publicação independente, entretanto, são mais customizáveis. Na Amazon, o Kindle Direct Publishing (KDP) oferece entre 35 e 70% do valor de capa dos ebooks e livros de capa comum. O valor da obra também é escolhido pelo autor. Por isto fica complicado fazer um comparativo.
Em um exemplo simples: a média de livros por tiragem, no Brasil é de 2 mil exemplares. R$ 30,00 é o valor médio por livro vendido. Para alcançar uma média de R$ 950,00 por mês (o equivalente a um salário mínimo), o autor independente precisaria vender 31 livros por mês.
Do que vivem os escritores brasileiros?
O jornal Folha do Estado de São Paulo realizou, em 2014, um levantamento informal com 50 escritores nacionais. Entre as questões levantadas, também foram perguntados sobre suas atividades profissionais. As atividades que mais remuneram são:
- Oficinas literárias;
- Jornalismo;
- Renda familiar;
- Venda de livros
- Atividade acadêmica.
Isto prova que, mesmo para quem escreve, a venda de livros não é a principal fonte de renda.
Como fazer marketing para escritores?
A saída é o Marketing Digital. Independentemente se for uma publicação tradicional ou em ebook, é uma modalidade viável e inteligente de atingir o público. As maiores lojas e editoras do Brasil estão bem posicionadas digitalmente. Assim como os maiores autores.
Se olharmos para os atrativos apontados na pesquisa do Instituto Pró-Livro, já é possível imaginar uma ação dentro de uma campanha de marketing. O escritor pode criar, por exemplo, publicações que façam com que os seguidores indiquem livros para amigos em seus círculos de amizade. Ainda que estes livros não sejam necessariamente do autor. Outra forma interessante é o compartilhamento de resenhas e avaliações em sites como Skoob.
Redes sociais
Atualmente, as redes sociais são uma saída inteligente para autores independentes. As mais recomendadas para esta tarefa são Facebook, Instagram e Twitter.
A primeira por sua popularidade e quantidade de usuários. Com mais de 2 bilhões de pessoas acessando a rede diariamente, seu público certamente estará lá.
O Instagram é o lugar certo para expor as fotos do livro e gerar um público fiel. Por lá, também, é possível realizar a compra e venda, além de promoções e parcerias.
Já o Twitter é perfeito para interagir de maneira rápida e prática com seu público. A rede social é dinâmica e atual.
Mídias pagas
Os anúncios patrocinados nas redes sociais oferecem um alcance bastante superior ao orgânico. Isto porque, há anos redes sociais, como o Facebook, vêm mudando suas políticas para incentivar o uso de anúncios patrocinados. Em um primeiro momento, talvez o escritor não tenha dinheiro para investir em uma campanha digital. Neste caso, o caminho é criar publicações que sejam interativas. Quanto mais incentivar os comentários e curtidas, mais engajamento terá (e, consequentemente, mais seguidores).
Ao ter uma ideia maior de qual seu público, e possuir uma persona estabelecida, é o momento de montar a campanha de mídias pagas. São elas que vão direcionar suas ações no Google Ads, Facebook Ads e outras ferramentas de anúncios patrocinados.
Marketing de Conteúdo
A proposta, aqui, é criar conteúdo inteligente e atrativo. Criar um site e blog, trazendo pautas com palavras-chave de interesse da sua persona. Conteúdos em vídeo e e-books gratuitos com dicas de escrita também são uma forma interessante de transformar o público do site em consumidores do seu trabalho. Vídeos, aliás, são a melhor maneira de se comunicar e gerar conteúdo interessante para autores. 96% dos jovens entre 18 e 34 anos acessa a plataforma YouTube.
Enfrentar o mercado literário não é tarefa fácil. Além de conturbado, as expectativas de retorno ou sucesso não são tão promissoras. Mas a produção cultural não pode parar. E faz parte da veia artística e literária brasileira enfrentar desafios. Ser autor independente pode parecer mais difícil, mas nada que um pouco de estratégia – e marketing – não resolva.